quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O médico do inferno




O médico do inferno

Poesia (versos brancos)


Quando morrer, eu não quero ir para o céu.
Lá, deve ser muito chato. Anjinhos e mais
anjinhos, tocando harpas e louvando a Deus.
Eternamente, sem mais nada para fazer.
Quero ir para o inferno. Lá, terei movimento.
Vou trabalhar. Assim que chegar, eu vou
montar uma clínica de queimados. Vou passar
pomadas e fazer curativos em todas as
queimaduras. Vou trabalhar para amenizar as
dores e aliviar o sofrimento. O diabo não vai
gostar, é claro. Ele vai me dar uma surra,
todos os dias. Eu não vou estranhar, nem
me importar muito. Já estou acostumado a
apanhar dele. Vejo-o, sempre, por trás das
doenças incuráveis, da fome, da pobreza
e das injustiças. Vou continuar, sempre,
ajudando as almas que estão sofrendo.
E, assim, eu quero ser médico, eternamente.

Antonio Jofre de Vasconcelos, médico.
30/12/09

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