sábado, 19 de dezembro de 2009

Mitológica trindade da Unicamp

Por Antonio Jofre de Vasconcelos (IV)
Jornalista de "O Patológico" em 1967/68




Fui aluno da quarta turma da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas ("Unicamp") desde 1966 até 1971. Convivemos com os tres maiores heróis da Unicamp. Hoje, falecidos, estes nossos heróis pode ser considerados verdadeiros mitos. O terceiro maior herói mito da Unicamp foi o prof. Zeferino Vaz, médico parasitologista, o melhor reitor da universidade, que, em 1965, recebeu uma pequena faculdade, agigantou-a e a transformou na imensa Unicamp de hoje. A nossa cidade universitária foi batizada de "Zeferino Vaz", numa justa homenagem. Seu nome ficou imortalizado. Porém, os dois outros lendários heróis estão sendo esquecidos.

O segundo maior herói mito da Unicamp, o professor de histologia Walter August Hadler, médico dermatologista, foi o primeiro membro (professor contratado) da universidade, em 1963. A Faculdade de Medicina era muito pobre e ele precisou improvisar estufas para o seu laboratório, com caixotes de sabão. À noite, os professores de histologia roubavam gatos, para fazer lâminas de microscópio, para os alunos estudarem. Além de grande professor, ele era um pai para os alunos. Ele foi fiador dos contratos de aluguel de todas as repúblicas de estudantes, da faculdade, desde 1963 até 1968, totalizando uma centena de imóveis. Seria um ato de justiça batizar o Instituto de Biologia atual, de "Walter August Hadler".

O maior herói mito da Unicamp foi o prof. Antonio Augusto de Almeida. Ele era um antigo e famoso médico oftalmologista e cirurgião ocular do Instituto Penido Burnier, de Campinas e foi um dos membros mais atuantes da comissão cívica, organizada na cidade, que conseguiu a criação da Faculdade de Medicina, em 1963. Posteriormente, ele foi nomeado o primeiro Diretor da Faculdade. Muito honesto, correto, sincero e modesto, ele não era um político flexível, comunicador e propagandista ("marketeiro"), como o Zeferino. Seu nome acabou sendo ofuscado pela grande obra realizada, posteriormente, pelo Zeferino. Tanto que, hoje, há quem diga que o Zeferino foi o fundador da Unicamp. Não foi. O fundador foi o Almeida, que saiu de Campinas e viajou até a cidade de Ribeirão Preto, em 1963, para buscar o Hadler. E, em 1965, o Almeida e o Hadler viajaram até a cidade de São Paulo, para trazer o Zeferino, para ser o nosso terceiro Reitor. Se não fosse o Almeida, o Hadler e o Zeferino nem teriam vindo para a Unicamp. Por isso, seria um ato de justiça para a História, batizar o prédio principal da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, de hoje, de "Antonio Augusto de Almeida".




Este artigo foi publicado na internet, pelo site de comemoração dos 40 anos da Faculdade de Medicina da Unicamp, em 2003, como "Depoimento" dos alunos.
Foi também publicado pelo jornal "O Patológico", do alunos da Faculdade de Medicina da Unicamp, em janeiro de 2004, na página 12.

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